quinta-feira, 21 de maio de 2009

O buraco no dique

Aquele que foi acusado de pressionar é, por estes dias, um dos homens mais pressionados do País. E não se pode queixar. Não há gato nem cão que não se pronuncie sobre a urgência da demissão de Lopes da Mota do cargo de presidente do Eurojust. Nem cão nem gato que não venha defender que, pelo contrário, o homem ainda não foi acusado de nada e deve manter-se. Uns pedem que o PGR, Pinto Monteiro, demita Lopes da Mota. Outros exigem que seja o Governo a demiti-lo. Outros, ainda, alvitram que devia ser ele a pôr o lugar à disposição. E até houve quem dissesse que deviam ser os seus pares do Eurojust a correr com ele (sugestão a que o organismo judicial europeu respondeu com um "tirem-me deste filme e não me metam nessas vossas guerras de alecrim e manjerona").
Tenha ou não Lopes da Mota exercido pressões - admitindo que o poder judicial é pressionável, o que não faz sentido e, a fazer, em nada abona a favor dos procuradores do Ministério Público... - o caldo está politicamente entornado. E o Governo sujeito a um desgaste político que - com toda a legitimidade, diga-se - os partidos da oposição não enjeitam explorar. A manutenção de Lopes da Mota no Eurojust é tão embaraçosa para Sócrates como a de Dias Loureiro (envolvido no caso BPN) o é, no Conselho de Estado, para Cavaco.
Mas então, porque é que Lopes da Mota não se retira ou não é retirado de cena? Que tem o Governo a ganhar com o arrastar desta situação? A resposta só pode ser conspirativa. Dir-se-ia que Alberto Costa e José Sócrates estão nas mãos de Lopes da Mota. Que, caso lhe aconteça alguma coisa, levará alguém com ele. Que porá a boca no trombone. É nesta possibilidade cabalística que a oposição joga todas as suas fichas. Com um inner circle blindado em torno de Sócrates, Lopes da Mota tornou-se o elo mais fraco do processo Freeport. O ponto frágil que a qualquer momento pode rebentar. O buraco no dique.
No meio disto, uma voz veio propor um curioso e salomónico desenlace: António Vitorino pronunciou-se de forma completamente enigmática. Que sim senhor, que a decisão de Lopes da Mota é pessoal. Que o Governo não pode demitir alguém que não foi acusado de nada. Mas que o procurador, embora permanecendo no Eurojust, devia afastar-se de tudo o que disser respeito ao processo do outlet de Alcochete. É o mesmo que dizerem a um jogador de futebol: "Podes jogar, mas não toques na bola." É o equivalente a pedir: "Demite-te." Porque Vitorino sabe, e Lopes da Mota sabe que não é aceitável que um magistrado do Eurojust - e ainda por cima seu presidente! - esteja limitado nas suas competências, por causa de uma suspeição. Ou que esteja impedido de mexer num dos casos, seja ele qual for, que passe pelo organismo. Seria a confissão de uma incompatibilidade e, portanto, uma declaração de interesses. Ficaria fragilizado e, nas suas funções, ferido de morte. O que Vitorino - e, portanto, talvez o primeiro-ministro - estão a fazer é demonstrar a Lopes da Mota, sem lhe retirar a face, por que razão não pode continuar. O que fará este jogador?

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Primeiro de muitos...

Hoje, dia 15 de Maio de 2009, inicio os escritos no meu blogue. Blogue identificado, para ficar claro que veicula as minhas posições e as minhas opiniões. Este surgiu pela necessidade de expresar os meus pensamentos, as minhas propostas, os meus comentários, as minhas sugestões. Há meses que estou para dar este passo. Ultimamente têm sido muitos os temas sobre os quais me apetece dizer o que entendo. Estamos num tempo em que a velocidade de uma ideia faz parte do seu valor social. Sem dúvida que é útil, muitas vezes, nada dizer. Mas, também, muitas vezes é inconveniente ou injusto manter silêncio. É preciso dar a cara...
Até breve